"A Matemática pura é, à sua maneira, a poesia das idéias lógicas.” (Einstein)

domingo, 31 de outubro de 2010

Crônicas:A mais pura verdade - Metrô e entrevista com o RH

Eduardo estava de saco cheio de fazer dinâmica e entrevistas. Particulamente ele detestava sentir avaliado, e quando aquelas pessoas do RH ficavam fazendo anotações sobre ele. Ele nunca conseguia dormir bem na noite anterior pensando qual seria o case chato que ele teria que ler na manhã seguinte em 3,5 minutos e tentar convencer as outras pessoas - que nunca tinha visto na vida - que a idéia delas era uma bosta. Não que ele fosse um gênio, mas ele já vira cada pessoa em entrevistas que "pela santa madrugada".

E lá foi ele, acordar a 5h da manhã numa sexta feira chuvosa e fria para mais uma dessas entrevistas chatas. Ele já estava tão de saco cheio que hoje resolvera adotar o "que seja!". Saiu de casa as 5h 30min, pegou um ônibus até o Metrô Belém, e ficou aguardando pacientemente até virar sardinha enlatada na estação Brás. Eduardo tinha uma teoria: na estação Brás os seres humanos pareciam bois selvagens que foram colocados a pouco tempo entre cercas e não viam a hora de abrir a porteira. Mesmo se esforçando para pensar onde existiram bois selvagens hoje em dia, ele achou que esse adjetivo não poderia faltar para descrever aquelas pessoas. Enfim, depois de comprovar que 10 corpos podem ocupar o mesmo lugar no espaço, o trem finalmente chegou à estação Sé. Aquela estão era a personificação do Caos. E claro que, pela lei de Murphy, ele não ia descer lá, pelo menos era o que ele tentava dizer paras as pessoas quando estas o empurravam em direção a porta. Por fim as portas se fecharam e ele conseguiu se manter dentro do trem, tudo isso para descer na próxima estação: Anhangabaú.

Ele desceu do trem e foi rumo ao Terminal Bandeira, ao menos era isso que o mapa do Google indicara. Acontece que a maioria das plataformas de metrô têm duas saídas e, querendo não parecer um paulistano patético que não sabia para onde estava indo, resolveu escolher as escadas para a esquerda. Conhecendo, no entanto, sua falta de sorte, resolveu perguntar para um daqueles guardinhas de metrô qual era saída para o terminal, e é claro que a saída era a outra. Pelo menos ele não tinha passado as catracas. Murphy não fora tão esperto dessa vez, comtabilizou os pontos: Eduardo 1 X Murphy 2.

Resolveu não confiar tanto na sorte dessa vez e perguntar onde ficava o ônibus CEASA, que descia a Nove de Julho, apesar de descobrir ser na última plataforma - o que contava mais um ponto para Murphy - Ele encontrou o ônibus relativamente fácil e até conseguiu ir sentado - ponto para o Eduardo. Ele acabou descendo um ponto depois do que o mapa indicara - Murphy! - mas no final das contas andou menos do que se tivesse descido no anterior - Eduardo! - Apesar de ter andado numa subidinha - Murphy.

Chegou no local agendado para a entrevista, um hotel chique do Itaim. Depois de esperar por meia hora, já que tinha chego cedo - Eduardo - finalmente subiu um lance de escadas e foi rumo a sala de entrevista.

Uma senhora de meia idade com aqueles óculos fundo de garrafa, com uma correntinha de pérolas falsas para pendurar os óculos no pescoço estava a espera de todos na sala. Ela dissera que chamaria um por um para entrevistas e posteriormente estariam dispensados. Na sala tinha umas dez pessoas, e claro que o Eduardo foi o último a ser chamado - Murphy.

- Sr. Eduardo. Bom dia. - A voz dela era extramente irritante e fanha, ponto para o Murphy.
- Bom dia.
- Esta será uma entrevista rápida, onde vamos analisar o seu perfil para ver se ele é compatível com o que a nossa empresa procura.
- Ok.
- Descreva uma situação onde você teve uma idéia genial para resolver um problema.

Eduardo detestava esse tipo de pergunta, como já estava mais pra lá do que pra cá com essas entrevistas bobas de RH, resolveu tocar o "foda-se".

- Bom, uma vez minha mãe estava cozinhando e perguntou se a carne estava sem sal. Pedi que ela me desse um pedaço e degustei. A carne estava boa, disse isso à ela e tivemos um almoço com uma carne bem temperada.
- Certo, Sr. Eduardo. - A velha das perolas falsas tomou notas depois de desfazer a cara de espanto com a resposta. - Teve mais alguma situação?
- Ah, sim. Teve. Uma vez meu pais estava pendurando os quadros nas sala, sabe como são as mulheres, minha mãe estava naquela fase de redecorar, aí ele não sabia como deixar os quadros restos, por que minha mãe tem TOC e ela iria ter um AVC se visse qualquer quadro torto. Daí, eu sentei no sofá e fiquei falando para o meu pai "a ponta da direita mais pra cima, não tão pra cima". E no final todos os quadros ficaram retos.
- Certo, Sr. Eduardo - A senhora tomou notas e perguntou - Em alguma situtação você já ocupou um cargo de liderança?
- Ah, sim! Uma vez chamei meus amigos para minha casa da praia, e fomos em uns 4 carros, eu fui na frente para liderar fila, já que eu que conhecia o caminho.
- Certo. E por que o senhor que estagiar na nossa empresa?
- Porque é uma empresa de grande porte, paga bem, tem bons benefícios, e sei lá. Nunca sonhei em estagiar aqui nem em outro lugar especialmente. Mas se rolar aqui, rolou.
- Ok, Sr. Eduardo. Muito obrigada. Entraremos em contato com o Sr.
- Obrigado e tenha um bom dia. - Deu um sorriso irônico e partiu rumo a sua jornada do transporte público.

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