"A Matemática pura é, à sua maneira, a poesia das idéias lógicas.” (Einstein)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O estranho

Gostei da tal história de narrativas....vou me aventurar a fazer outra...
So...let's go!

----------------------------------



O dia parecia terminar como apenas mais um dia normal, embora nenhum dia seja igual ao outro, mas em suma sem nenhuma grande novidade ou descoberta.

Quanto entrei na rua de casa comecei a busca da minha chave pelo buraco negro que a minha bolsa é capaz de criar, encontrei a chave quando estava quase na porta de casa. A luz da varanda estava acesa, talvez já tivesse gente em casa...normal.

Ao abrir a porta me deparei com algo diferente, ou melhor, escutei. Aquele tocar de violão, aquela voz... de onde vinham? Ah...que melodia gostosa. Por um instante fechei os olhos e podia ver as cordas sob o dedilhado do tal cantor...Cantor? Que cantor?!

Quem era? Subi as escadas tentando fazer o menor barulho possível, com certo receio de quem poderia ser o tal invasor, mas ao mesmo tempo...queria que ele não me escutasse para não atrapahar a música.

Embora eu tivesse me demorado, finalmente cheguei a porta no final das escadas...novamente procurei pelas minhas chaves e tentei fazer o menor som possível.


O som vinha da sala de estar...só havia um corredor e poucos metros entre mim e o estranho músico. Talvez eu devesse sair correndo e chamar a polícia, mas aquela música me prendia, me seduzia de certa forma que eu não conseguia - eu não queria - fugir.

Enconstei as costas na parede e fechei os olhos, minhas pernas foram cedendo até que sentei no corredor e continuei a me deixar levar pela tal composição.

O que era aquilo?
Encantador de serpentes?
Eu estava drogada?

Cadê meu celular...? 1...9...0...Desliguei.

A música era boa demais, sejá lá quem fosse agora não importava mais, estava totalmente hipnotizada. Como será que ele é? Alto, baixo, moreno, loiro, narigudo, esquelético? Já estou aqui mesmo, o que custaria uma espiadinha? Uma hora ele pararia de tocar e ia me ver ali sentada no chão...chão da minha casa, oras! Como ele entrou aqui?


Enquanto eu me perdia em perguntas sem resposta a música parou. Levantei num pulo e sai correndo pelo corredor. Eu não podia perdê-lo, sejá lá quem ele fosse. Será que eu conversava comigo mesma em voz alta e ele ouviu ? Não, não lembro de falar...

Ao chegar na sala a decepção toma conta do que antes era o encanto pelo desconhecido, não havia nada...a luz continuava acesa mas a porta da varanda estava aberta e o vento sacudia as longas cortinas entreabertas. Foi por ali que ele fugiu?


(...)

Sua música, seu toque de violão, sua voz permanecem nos meus sonhos, nos meu devaneios. Meu artista sem rosto, meu sonho vazio, minhas perguntas sem resposta....
Um dia, quem sabe, será que ele volta?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Narrativa


A vida muitas vezes é comparada à uma trilha, um caminho com várias bifurcações a escolher... Como escoteira aprendi sobre "sinais de pistas" que, assim como o nome diz, são sinais padronizados deixados para guiar as pessoas que estão passando pela trilha. Setas indicam a direção correta à ser seguida, outro sinal indica que você deve pular um determinado obstáculo, outros indicam pedido de socorro e assim por diante. Obviamente os sinais de pista são colocados em uma trilha por pessoas que já passaram por ela, mas e se acontecer de você andar em círculos e encontrar um sinal de pista deixado por você mesmo?

Hoje, ao fechar os olhos, eu me vejo diante de uma trilha com um caminho encoberto por árvores majestosas e floridas com o sinal de pista "triângulo" logo na entrada. Nada estaria errado se esse símbolo em particular não representa-se "Perigo".

É instinto de sobrevivência evitar fazer coisas ou seguir rotas as quais nós já conhecemos o final...isso se este final não foi agradável, ou mesmo se não foi como o esperado.

Faço toda essa comparação pois hoje me vejo diante da escolha de começar a trilhar um caminho que num passado eu já escolhi, e todas as pedras e lágrimas não me deixam esquecer o quão desagradável foi o seu desfecho...sem potes de ouro no final do arco-íris ou uma vista bonita no topo da montanha.

Apesar dos pesares, esse caminho faz parte do meu passado e me fez amadurecer, ter uma nova visão de mundo, fez abrir portas da minha vida para coisas novas. Eu pude descobrir cores onde antes eu enxergava tudo em preto e branco, sem graça, sem atrativos.


Ao finalmente conseguir chegar ao final daquela obscura, para não dizer monstruosa trilha, eu resolvi não mais me aventurar .. e seguir apenas por caminhos seguros. Construi minha fortaleza em um campo aberto, também majestoso e florido, mas sem as curvas desconhecidas como aquelas anteriormente exploradas. Do alto da torre do meu castelo pude observar quem chegava ao "meu território", quem saía, e pude fechar os portões àqueles que eu julguei não serem bem-vindos.


Mas hoje, ao olhar para o horizonte, sinto aquela sensação...aquele desejo por aventura que me fez adentrar naquela trilha que deixou-me tantas cicatrizes. Não me sinto mais confortável presa em uma fortaleza, minha armadura tornou-se pequena diante de tantos sentimentos explodindo por dentro.


Descendo da torre onde antes observava a movimentação externa as "minhas terras" vou até uma sala com portas de ferro grandes e pesadas, ali ficam guardadas minhas "armas", ou voltando para a metáfora da trilha, meu material de exploração. Coturnos velhos e surrados, minha mochila com alguns arranhões e manchas, cantil e outros equipamentos. Não sei por que fui àquela sala, não deveria ter vindo, mas agora que estou aqui meu coração começa a disparar..parece que aquela trilha desconhecida chama o meu nome sem parar, com uma voz irresistível e desafiante, aguçando minha curiosidade e meu espírito aventureiro.


Ao fechar os olhos posso até sentir a brisa que vem daquela trilha batendo no meu rosto, começo a imaginar à que paisagens ela poderia me levar, que tipo de espécies exóticas ela deve abrigar, como é o cantar dos pássaros pela manhã...o pôr-do-sol!


"Qual o problema, afinal?", alguns de vocês devem estar se perguntando. Outros mais impacientes podem dizer, até com um certo tom de ironia: "Pegue logo suas coisas e siga em frente. Descubra! Explore! Mate a curiosidade e tire fotos para mostrar à todos quando voltar.". Ninguém de fora entende o que me impede de ir, o que me prende à minha fortaleza. Ah! Minha segura, confortante, aconchegante...e monótona fortaleza.


A verdade é que eu tenho medo. Medo de seguir em frente e ter que voltar no meio da trilha por falta de suprimentos, por falta de energia...por falta de coragem. Mas principalmente medo de esperar de mais dos seus segredos, e no final das contas a trilha não passar de uma ou duas curvinhas sem graça. Ou pior! E se ao chegar lá uma árvore estiver caída bem na entrada, bloqueando minha passagem?


Acho que não tenho coragem para ariscar, talvez seja só mais uma vontade passageira de aventura...um momento de tédio pedindo por alguma emoção. Seria mais seguro ficar aqui? Voltar para torre e continuar minha observação...? Andar apenas por terrenos conhecidos e aliados?


Eu já passei por tantas entradas desconhecidas, com fachadas convidativas e exuberantes...e nenhuma delas despertou tal interesse. Talvez por isso minha curiosidade não me deixe em paz, o que será que tem nessa trilha que tanto desperta minha atenção?


domingo, 13 de dezembro de 2009

Para não perder a prática

Ultimamente tudo vêm chamando minha atenção e despertando a vontade de escrever sobre o assunto. O problema é que na maioria dos casos eu não tenho acesso à um computador imediatamente, e as ideias somem (sinceramente escrever no papel é broxante...penso mil vezes mais rápido do que posso escrever à lápis).

O que não sai da minha cabeça de uns tempos pra cá é o quanto esse ano foi produtivo. Sinto que sou uma adolescente descobrindo as cores da vida...mas após muito refletir sobre o assunto, não pode ser coisa só de adolescente, é coisa de ser humano.

Estamos em constante evolução, a cada dia que se passa descobrimos coisas novas, ajustamos as velhas e descartamos as que não prestam (o último item nem sempre é feito com a frequência que deveria), E é exatamente assim que sinto: em constante aprendizado.

Tem dias que eu gostaria de pode falar com a "Tati do passado" e dar uns tabefes na cara dela, para ver se hoje eu não teria que consertar suas besteiras. Mas vendo por outro lado, se eu nunca tivesse errado, hoje eu não saberia como fazer a coisa certa.

Hum, fazendo a coisa certa? Me peguei em contradição, acho que nunca vou fazer a coisa certa, vou sempre tentar fazer melhor...em busca da utópica "perfeição". Sempre alguma coisa vai sair do planejado...O que é bom! Quem sabe essa coisa me leve à enxergar o que eu não enxergava antes e isso mude, para melhor, meus projetos de vida... ou sei lá!

Modéstia a parte, fazendo o balanço de 2009, esse foi o ano que mais tive orgulho das minhas escolhas e do meu posicionamento diante de cada pedrinha que apareceu no meu caminho. Posso ter tropeçado em algumas...ok, em várias, mas em 99% do tempo eu tinha certeza que eu iria conseguir passar por mais esse obstáculo.

Não que eu tenha feito tudo sozinha. Uma das coisas que eu me orgulho de ter aprendido (isso pelo fato de ser super cabeça dura na maior parte do tempo) é que ninguém consegue ir muito longe sozinho. Embora a escolha de que batalha lutar, e que armas usar seja exclusivamente sua no final das contas ... ninguém vence uma guerra sozinho, mas também cabe à você escolher quem será o seu exército...Tá aí, eu soube escolher o meu. Mas estamos sempre abertos à seleção de novos integrantes, topa?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Compartilhando

Texto maravilhoso, já mandei pra muitos amigos por e-mail, mas sempre vale a pena compartilhar coisas boas.

off: meu bom humor voltou, minha sorte voltou... Ahhh delícia =D

------------------------------

(texto de "Elisa Lucinda" , lido por Ana Carolina em seu show)

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro,
do meu, do nosso dinheiro,que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. !!
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó
e os justos que os precederam:
"Não roubarás",
"Devolva o lápis do coleguinha",
"Esse apontador não é seu, minha filha".
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba"
e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal".
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram?
Imortal!
Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!