"A Matemática pura é, à sua maneira, a poesia das idéias lógicas.” (Einstein)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Quando ele voltou...

Você tocou a campainha às três da madrugada e eu, sem saber que era você, só pensava quem poderia ser o cretino, bêbado e sem família que estava me acordando. Empurrei as cortinas com toda má vontade e mau humor que Deus me deu, abri a janela e olhei meio sonolenta para baixo. Confesso que reconheci de cara quem era, como poderia não reconhecer a pessoa com quem sonhava dia sim, dia não? Achando que ainda estava com a visão embaçada pisquei e esfreguei olhos, era mesmo você! Tentei sair da janela rápido para que não me visse e assim poderia fingir que não tinha ninguém casa, mas você me viu e acenou com um olhar que misturava alegria e culpa. Fui correndo para o banheiro, escovei os dentes e lavei o rosto. O cabelo ficou daquele jeito mesmo: meio amassado, meio liso. Coloquei o roupão, minhas pantufas do pluto, peguei as chaves de desci as escadas. Abri a porta e lá estava você. Parecia um déjà vu, você ali de all star preto, calças jeans, camisa social azul clara e um blazer preto jogado por cima. Dá última vez que o vi assim eu só consegui pensar "é tudo meu, mesmo?". Mas hoje, depois de tantas lágrimas de saudades minha e de uns quilinhos, seus eu definitivamente não sabia o que pensar. Não consegui evitar o impulso de te abraçar, faziam tantos anos... Você me abraçou apertado de volta e depois de alguns minutos pediu desculpas no meu ouvido, por eu esperar tanto tempo parar ele perceber coisas tão simples sobre a vida, sobre ele, sobre mim e sobre nós. Eu não respondi e por isso você continuou dizendo no mesmo tom que não conseguia mais fingir pra si mesmo que eu tinha ficado no passado, que não pensava mais em mim e que eu não era a mulher da vida dele. Eu disse que era tudo que eu queria ouvir da boca dele, e exatamente assim, quando eu menos esperasse. Mesmo abraçados consegui sentir que você estava sorrindo no meu ombro, e posso jurar que senti uma lágrima atravessando meu roupão. Confesso que também não consegui controlar meu choro quando comecei a minha frase com um "mas". Mas acontece que você não demorou dois, anos ou três. Você demorou demais. E por mais que lá no fundo eu queria pegar meu carro na garagem e fugir com você rumo a nosso felizes para sempre eu não posso mais. Disse que agora tinha outra pessoa que eu amava, talvez não tanto quanto eu tinha amado você e talvez ainda amasse, mas esse alguém nunca tinha me deixado e saido mundo afora para descobrir se realmente me amava. Esse alguém sempre teve certeza. Então você respirou fundo, me deu o que parecia ser o nosso último abraço apertado e surrou que sempre teve certeza que me amou, só foi orgulhoso demais para admitir. Entrou no carro e foi embora pelo mesmo caminho que veio. Com a diferença de que naquele momento tanto eu quanto você tivemos certeza que era o fim.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A gente vive fingindo...

A gente vive fingindo que está tudo bem quando estamos correndo para algum canto desta cidade quase maravilhosa em busca de algum mísero sucesso profissional. Até nos submetemos à esperar o chefe durante uma hora para uma reunião, mas não damos o mesmo privilégio para as pessoas que amamos ou simplesmente convivemos.

Definitivamente somos pessoas diferentes na nossa vida executiva. Nos dedicamos mais, nos sujeitamos a abaixar a cabeça para quem ganha mais que nós e até corrermos atrás de arrumar os erros das outras pessoas para que "a equipe não seja prejudicada".

Acontece que quando chegamos em casa e trancamos a porta pelo lado de dentro não somos assim. Estamos completamente estressados com aquele gado que atravessamos na estação Sé - gado por que aquelas pessoas definitivamente se comportam como tal - e nem nos lembramos de utilizar aquele sorriso simpático que ficou guardado na gaveta do escritório depois das 18h.

Se você mora com seus pais, provavelmente não diz um boa noite ou fica torcendo para eles te convidarem pra jantar, como espera dos seus superiores. Se mora com um companheiro, as vezes nem sem lembra de perguntar como foi seu dia, e se ele fez alguma coisa de errado não tenta utilizar toda aquela engenharia para tentar resolver o problema... Por vocês.

Esquecemos que dentro de casa não precisamos ser tão pragmáticos, não devemos justificativas aos nossos chefes... Que convive conosco e nos ama sabem nos perdoar dar uma segunda, terceira e, por que não, quarta chance.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Exposição de fotografias

Eu só queria fugir um pouco da rotina do meu tédio. Resolvi que seria muito paulistano da minha parte ir naquela exposição de fotos que foi rotulada com um nome que não fazia sentido, pelo menos para mim. Parei na frente de uma foto tentando realmente entender o que o fotógrafo queria dizer com aquilo quando você parou do meu lado e disse que aquilo tudo não fazia sentido algum. Eu olhei com uma cara de interrogação e alívio e disse que finalmente eu tinha ouvido alguma coisa fazia sentido naquele lugar. De dez palavras que ouvíamos aquelas pessoas "cults" falarem nós não entendíamos onze e chegamos no consenso que estávamos em um mundo paralelo com seus próprios dialetos. E por mais que no fundo eu entendêssemos que aquela era uma forma de expressão e comunicação, era mais divertido fingir que nada fazia sentido e fazer piadinhas sobre tudo. Eu só fui entender o por que você me entendia tanto quando você disse que esse ano iria começar o último ano de engenharia mecânica. E nós ficamos discutindo por que dois projetos de engenheiros estavam em uma exposição de fotografias. Você disse que não é por que trabalhamos com contas deveríamos ser uma calculadora ambulante e enxergar gráficos em tudo, que o destino não poderia ser equacionado, projetado ou esquematizado em uma aula chata de slides. E com essas palavras que pareciam tão minhas você foi se aproximando me beijou. Assim, sem mais nem menos, sendo incentivado apenas pela permissão que eu dei involuntariamente em sorrisos e olhares. E depois eu fiquei olhando pra você sem acreditar que poderia ter encontrado um engenheiro que gosta de CDA e passear pela centro de São Paulo pra ficar admirando a arquitetura dos prédios. Só sei que você faz tanto sentido pra mim quanto aquelas fotografias da exposição: nenhum. Mas já que você está aqui, não custa nada admirar e fingir que é real.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Se eu fosse contar pra ele...

Às vezes passamos muito tempo procurando sentido pra coisas que não seguem nenhum raciocínio lógico. Ele não segue nenhuma lógica, e talvez por isso me intrigue tanto. Quem manda ser tão curiosa. Eu definitivamente não penso em casar, mas se me imagino juntando escovas de dente com alguém, de fato esse cara Y teria algumas características que eu admiro nele.

Gosto do jeito que ele corre atrás dos seus sonhos, ou apenas das suas vontades fúteis. Confesso que até gosto do jeito que ele não tempo pra nada, nem pra mim, por que trabalha demais, ou está estudando ou está em algum outro compromisso. Quem sou eu pra cobrar tempo? Eu também não tenho tempo.

Também gosto do jeito que ele sabe conversar sobre tudo, mesmo que não seja PHD... ele tem uma opinião sobre tudo. Quase tudo...Ele também não é perfeito, e nem espero que ele seja.

E essa é a parte do texto que eu fecharia com uma frase de impacto, mas ele não tem um ponto final. Por mais que eu o coloque – o ponto final – Ele sempre transforma em virgula, ou reticências. E “Isso não é mais uma carta de amor”... Acho que meu coração está inversamente proporcional ao calor deste verão. São só palavras tentando fazer uma análise racional de uma pessoa que não segue nenhum raciocínio lógico...