"A Matemática pura é, à sua maneira, a poesia das idéias lógicas.” (Einstein)

domingo, 22 de agosto de 2010

Boulevard (Parte II)

Para ler a primeira parte clique aqui

- Mas então, conta daquele baterista que você comentou outro dia, Déia. Estou curiosa! – Disse Bia voltando-se para a garota que havia pedido uma Devassa.

- Ah é, nunca mais falei dele... Mas vou ter que contar tudo desde o começo também, nem todo mundo tava sabendo.

- Pera, é AQUELE baterista que a gente estava fuçando no Orkut outro dia? – Estranhei o espanto da tal de Jessy.

- É, ele mesmo!

- Mas ele não tinha namorada? – O tom da voz era sério, e vinha da Stra. Intelectual, a do Martini.

- Tinha sim, Kate. – Ah! Era ela que tinha ao arroz sem sal - Mas faz tempo que ele terminou com ela. Pra falar a verdade eu não sei bem quem terminou, mas acho que eles nem se falam mais. Aliás, ele não só não está mais com aquela menina, como já namorou com outra e terminou também.

- Mentira! Mas também, faz quanto tempo isso? Uns dois anos que a gente falou dele pela primeira vez, né?

- Sim, foi na época que a Bia namorava aquele cara de outra cidade, não era? Onde mesmo que o cara morava? Jaguariúna?

- Jaguariúna? Isso é nome de cidade ou daqueles monstrinhos de desenho japonês? – Disse Jessy rindo alto.

- É, era lá mesmo. Mas será que dá pra não me envolver nessa história? Deixa o falecido em paz.

- Falecido? O cara bateu as botas? – Tava ai uma pergunta que eu me fiz na hora. Obrigada à garota que pediu um Sex on the Beach.

- Por mais que às vezes eu tivesse desejado que ele tivesse partido dessa pra melhor – bateu na madeira antes de prosseguir – ele não morreu, não. Falecido é só um termo carinhoso pra tratar ex-namorado. Esse em específico.

- Tá, mas afinal... e o baterista? – Isso Kate, volta ao rumo da conversa que agora até eu fiquei curiosa pra saber sobre o tal baterista.

- Que baterista, gente? Alguém me situa! Fiquei muito tempo fora... Não é possível que aconteceu tanta coisa. – exaltou-se a garota da Devassa.

“Ok, eu começo do começo. Outro dia estava com a Jessy na casa da Kate e caímos nos Orkut dele não sei por que. Era amigo em comum de alguém, no mínimo. Mas na época eu estava namorando e ficou por isso mesmo, só mais um cara que parecia interessante. E não demorou muito tempo para a Kate me chamar pra ir no aniversário de alguém, por que ela não queria ir sozinha. Vocês me metem em cada uma! Imaginem, eu nem conhecia o aniversariante e estava indo de bicão na festa dele... Que mico.”

- Ah! Pára. O cara é gente boa. Nem ligou de você ter ido lá.

“Mesmo assim, é falta de educação. Mas pelo menos a comida estava boa. – Risos – Depois de um tempinho que eu cheguei eu reparei naquele cara do Orkut. Ele estava com a namorada lá, mas e daí? Olhar não tira pedaço, meu ex-namorado que não me escute, mas de qualquer forma eu estava completamente na do meu ex e nesse dia não rolou nada. E o cara era mais baixinho do que eu imaginava, mas eu só estava olhando. Passou um tempão, a Jessy me convidou pra ir numa festa da faculdade dela, nessa época eu estava recém solteira e queria mais era enfiar o pé na jaca...”

- Enfiar o pé na jaca? – Disse a Bia com muito esforço dentre as gargalhadas que dava – Com quem você aprendeu essa? Nem minha vó fala mais isso.

- Ah! É só expressão, para de ser chata – Déia não se conteve em cair na risada junto com as amigas – Posso continuar a história ou não?

- Pode, mas dessa vez usa um vocabulário mais moderno, vai!

“Tá, eu fui na festa com a Jessy, e lá eu dei de cara com o baterista. A gente acabou ficando e tudo mais. Aliás, vocês não sabem o que aconteceu... Fica quieta Jessy, deixa eu contar – disse quando percebeu que Jessy ia abrir a boca pra dizer algo, pela cara dela eu acho que era para se defender do que viria da amiga – Uma amiga da Jessy começou a passar mal, e lá fui eu ser solidária ajudar a garota, pior que não contente em passar mal ela começou a falar do cara que ela gostava, que ele não dava bola pra ela, que ela ainda amava ele. Sei lá, acho que existem dois tipos de bêbados, os engraçados e os depressivos. Definitivamente ela estava no grupo das depressivas. Sabe, se for beber não dirija, e se não agüenta bebe leite. Mas enfim, essa foi a primeira vez que eu fiquei com ele. A gente começou a conversar por MSN depois - é meninas, MSN é o telefone do século 21 - e não é que o cara tinha conteúdo? Vocês sabem que eu gamo em pessoas inteligentes, e com ele o assunto rendia e o tempo voava. Mas tinha alguma coisa podre ali, sempre que a gente marcava de se ver alguma coisa dava errado. Soou o alarme para cafajeste, mas talvez eu tenha percebido tarde demais, já estava um tanto quanto envolvida por aquelas conversas e mimos.”

- Pelo menos esse tomava banho com Sazon, né? – Lamentou Jessy.

- Eu ainda não terminei a história.

- Sinto cheiro de coisa podre vindo por aí. – Disse a tal de Lu enquanto fingia que cheirava algo no ar. Essa cena causou risos entre as amigas, mas por fim a Déia continuou a história.

“Em um desses dias no MSN, ele entrou, mas tinha mudado a foto de exibição. Era ele dando um beijo no rosto de uma menina. Fiquei em choque, a gente estava no maior clima, conversando no MSN e do nada ele.... estava namorando.”

- Que canalha! Mas esse “maior clima” era verdade mesmo, ou você que se enganou?

“Não, estava mesmo. Eu relutei – comigo mesma – pra me dar essa chance de começar a gostar de alguém depois do, como a Bia disse mesmo? Do meu “falecido”. Mas ele me passou confiança e eu resolvi deixar acontecer, mas esse namoro relâmpago me pegou de surpresa. Embora a Jessy sempre tenha falado que ele tinha fama de galinha e cafa. O fato é que resolvi que não ia mais falar com ele. Podia soar infantil e tudo mais, mas achei que seria melhor assim, para eu não me machucar, por que apesar de ter começado a namorar ele ainda falava que gostava de mim, e que estava confuso e coisa e tal.”

- E você caiu nessa conversa fiada? O meu alarme pra cafageste já teria queimado de tanto se esgoelar tocando e piscando a luz vermelha.

- Eu cai e não cai, o cara parecia ser mesmo legal, e vai saber o que estava acontecendo na vida dele, e se ele fosse diferente?

- Se ele fosse diferente? Qual é, eles são todos iguais. Não estão nem um pouco preocupados com a gente, só pensam neles e ... – Disse Bia já virando seu copo. – Garçom, me vê um copo de vodka com gelo.

- Ai amiga, o que aconteceu?

- Nada, deixa pra lá. Termina de contar do cara lá.

“Err...Bom. O fato foi que eu parei mesmo de falar com ele. Teve uma vez que ele apareceu falando que ia terminar com a namorada por que ele percebeu que gostava de mim e tinha feito a escolha errada...”

- Claro que fez a escolha errada, uma morenaça com um sorriso lindo desses!

- Pois, é. Apesar da puxação de saco eu continuo – Disse Déia rindo.

“Eu não acreditei que ele ia terminar mesmo com a namorada, por que eu já estava com o pé atrás com ele, mas ele realmente terminou. Aí ele me ganhou, né? Fiquei toda boba, sai com ele mais um vez. Mas fiquei meio assim, por que ele ainda tinha a foto da namorada no celular, ainda usava um anel que ela tinha dado pra ele – não era aliança, era só um anel – mas tudo bem, né? Fazia pouco tempo que ele tinha terminado, eu não podia chegar causando na vida do cara, todo mundo tem um passado e se você quiser ficar com alguém tem que levar o pacote completo e não uma fração da pessoa.”

- Falou bonito – disse Kate – mas eu não seria tão compreensiva quanto você.

“É, eu sempre tento pensar no outro lado da história, e tentar não pensar sempre no pior motivo possível pra tal ou tal coisa ter acontecido ou tomado aquele rumo. Mas no final das contas ele começou a sair com outras meninas, e disse que não queria se sentir preso agora, por que ele tinha acabado de sair de um relacionamento, mas ao mesmo tempo ele dizia que gostava muito de mim que eu era especial ...”

- Como dizia meu pai: Especial é pastel de feira. Não adianta nada o cara ficar falando mil coisas pra você e não agir como tal.

“Eu sei, mas não foi assim de imediato que eu desencanei. Sabe como mulher e trouxa quando gosta de alguém, né? Sempre que eu ia falar de alguma coisa que eu não estava gostando ele contornava a situação e eu acabava me sentindo a malvada, aquela que ficava pegando no pé, Maria-chiclete... essas coisas. Mas foi passando o tempo e ele foi me colocando na geladeira, isso sem a gente ter saído mais vezes. E se querem saber com o tempo aquele cara cheio de conteúdo que eu tinha gostado, foi perdendo a graça e também o conteúdo. O dia que eu recebi uma mensagem dele que estava escrito “Gata” eu desencanei de vez. “

- Gata e princesa são broxantes.

“Concordo, e os assuntos com ele foram ficando assim também. Não tem mais aquelas teorias mirabolantes e referências históricas como tinha antes. Acho que tanto “não fode, não sai de cima” acabou miando até a nossa conversa. E sendo assim, como no começo me interessei por ele por causa das conversas... atualmente eu estou completamente desinteressada pela falta delas e também pela quantidade de vezes que eu fui “compreensiva” e nunca tive retorno nenhum.”

- Amiga, eu acho mesmo é que ele te deixou na geladeira, num daqueles potinhos que a gente esquece na última prateleira, e quando lembra e bate aquela vontade de dar uma beliscada, a pessoa que mora na mesma casa que você já deu um fim no potinho e você nem percebeu. – Sábia metáfora de Kate.

- Muito bem colocado – Espera, foi o que eu disse. Às vezes acho que estou me envolvendo demais com essa garotas – E de fato, agora estou saindo com o Mário. E acho que a gente vai dar certo. Ele é um fofo.

(Continua ...)

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Continuando aqui só porque um dos meus "amigos-leitores" pediu a continuação. ;)

sábado, 21 de agosto de 2010

Crônicas - Suspense


Cheguei em casa com o coração na mão, não acreditava no que tinha acabado de acontecer. Será que eu conseguiria guardar tamanho segredo? Não foi culpa minha, eu não queria que terminasse daquele jeito, não que eu nuca tivesse pensando em fazê-lo, mas quem é que nunca teve essa idéia nos seus momentos de insanidade, só nunca pensei que fosse chegar a tanto.
Eu precisava contar para alguém, aquilo não estava cabendo dentro de mim, e se ficassem sabendo? O que iriam pensar? Eu não queria.... Eu juro.
Tentei desviar disso todos os dias, fiquei tentando bolar outros planos, outras estratégias, mas essa era tão convidativa, e sinceramente era tão mais simples e fácil.... Mas, meu Deus, o que foi que eu fiz! Como pude?
Se acalme, respire... Vai dar tudo certo... Isso não muda quem você é, tudo que você construiu até hoje não pode e não vai desmoronar por conta de uma fraqueza, por um momento, minutos, segundos.
Eu preciso esconder as provas, disfarçar as evidências... Aquele monte de seriados CSI que eu tanto gosto de assistir devem servir pra alguma coisa. Mas sempre tem um gênio a favor do outro lado que vai descobrir a agulha no palheiro. Eu não tenho escapatória...
- Telefone -
- Triliiim!!!
- Alô?
- Oi...
- Que foi, que voz é essa? Acabou de subir as escadas? O que aconteceu?
- Não, não foi nada disso. Você não vai acreditar no que eu fiz....
- Que foi? Ficou com alguém?
- Não, pior....
- Deu pra alguém?
- Pior...
- Fez um vídeo pornô?
- Pior ...
- Ai, não me assusta desse jeito. Bateu o carro?
- Ah! Pelo menos esse eu poderia pagar pra arrumar a bagunça, mas não...
- Atropelou? Matou? Bebeu?
- Não, não e não ...Mas talvez beber ajudasse.
- Você não....?
- Sim.
- Mas, eu já...
- Não aguentei, eu sei que é errado, que eu não deveria, que isso me rebaixa, que parece que estou correndo atrás, que é pior que matar alguém ou trair o meu país....Mas hoje eu disquei o DDD.
- Você não fez isso...!
- Pior, disquei os quatro primeiro números.
- Você não tinha deletado?
- Eu ainda lembro.
- Você não deveria ter feito isso, e se não tivesse se controlado e digitado todos os números.
- Eu sei, eu poderia ir para o inferno! Falar com ex-namorado é crime, cadeia sem fiança. É pior que massacre.
- Você sabe como são as leis. Se alguém descobre...
- Se Hitler tivesse ligado pra ex-namorada, seria pena de morte, e não somente exílio. Eu sei, estudei história.
- Limpa o celular com álcool, sei lá... Troca de aparelho.
- Estou me sentindo péssima. Onde eu estava com a cabeça?
- Mas pra que você se arriscou tanto? O que tinha que falar pra ele de tão importante?
- Ah eu ia falar que ... Ih! Esqueci.

sábado, 14 de agosto de 2010

atm, bar, Pascal...

Eu tenho a leve impressão de que só o fato estar em período letivo acaba com as minhas energias.

Mas a aulas começaram e eu já estou com vontade de ficar na cama o dia inteiro. Não sei se já comentei isso aqui, mas o fato de morar fora me faz valorizar muito mais o tempo que passo com a minha mãe, meu pai, minhas irmãs e com a minha cama.

Estou em uma reviravolta de achismos e sentimentos que quando eu acho que entendi tudo que está se passando, tudo muda de novo e eu não sei de mais nada. Poderia definir como mais uma das minhas "evoluções" (ou confusões). Mais uma vez preciso tomar decisões que tenho medo de tomar, por simplesmente não ter o total controle da situação, ou por esta não depender apenas de mim.

Tenho deixando de fazer muita coisa com muita gente que eu gosto por estar extremamente esgotada, ou falida, ou presa a coisas da faculdade. E eu não acho isso legal, estou procurando a Tati que surgiu ano passado pós termino de namoro, que topava ir para todos os lugares não importando dia, música ou hora pra voltar (Só do dinheiro gasto, como sempre!). Eu não sou mais "madeira pra toda obra" (madeira, porque "pau" é muito feio de se escrever, ops... já escrevi!).

Prioridades, acho que essa palavra está resumindo bem meus devaneios. Estou impondo PRIORIDADE às coisas que acontecem a minha volta. E pelo amor de Deus, Jah, Buda... Não comecem a história "você gosta mais de fulano do que ciclano" como amigo. Eu gosto mais é da minha mãe, e nem com ela eu tenho tido tempo de conversar direito. Que dirá com o meu pai!

Uma das minhas amores dificuldades é tentar manter minhas amizades todas no mesmo nível de atenção, mas sempre fui incapz de fazer isso e de explicar que todos meus amigos são importantes, cada um a seu modo, mas nunca mais ou menos especiais que os outros. Nunca poderia esquecer "aquele dia" que passei com cada um... "aquele acampento" ..."aquele dia na aula da Terezinha" ... Eu amo todos vocês. Juro!

Ah, sim! Se você tá aqui e nem me conhece ou acha que conhece, um grande troféu joinha pra você e pra tudo aquilo que acha que sabe sobre mim. Dica: você não sabe, mesmo. Dica²: Compre um espelho.

Não revisei o texto mesmo, não estava afim....

sábado, 7 de agosto de 2010

Generalizando


Tenho um amigo-leitor que não perde a oportunidade de me chamar de feminista e generalista por causa dos meus posts "mamão com açúcar" e de estórias infelizes sobre alguns infelizes que apareceram na minha vida (perco o amigo, mas não perco a piada ;]).... E eu disse que iria escrever um post pra ele, aqui está.

Sou o tipo de mulher que fala palavrão, gosta de futebol, carros e faz engenharia, daí meus argumentos para não ser taxada como feminista, diria até que sou um tanto quanto machista. O fato é que além disso sou observadora e gosto de escrever sobre coisas que analiso nos meus devaneios. E para explicar qualquer coisa analisada, utilizo da "ferramenta" generalização.

O mundo é generalizado, a física, a engenharia, os livros de psicologia. Tudo é o que parecer ser até que se prove o contrário. Até aqueles que possam se sentir ofendidos com as minhas observações já postadas não podem generalizar e dizer que NUNCA fizeram ou presenciaram nada parecido.

"Todo homem já teve sua fase cachorro." - Disse uma amiga minha no meio de uma das nossas discussões sobre o tema.

E ai daquele que ousar dizer que sempre foi santo, vamos colocar a mão na consciência e pensar naquela mulher que já derramou lágrimas por você. Assim como não posso tirar o meu da reta e dizer que sempre fiz tudo sobre os conformes. Eu já dei minhas mancadas aqui e ali, apesar de que (#DramaModeOn) no placar geral eu sempre acabo me f***. Na verdade todos nós buscamos dizer para o mundo que somos diferentes, enquanto somos mais parecidos do que pensávamos, humanos e ponto final.

Como poderia explicar? É como quando é realizado um experimento de física que deveria resultar em uma reta, mas ficou um ponto ou dois fora da mesma. Nós traçamos a reta que melhor representa aquele fenômeno físico, e é isso que eu faço nos meus posts. A partir de dados empíricos (nem sempre meus) eu analiso, comento e geralmente desabafo.

Adoro críticas, elas sempre rendem um post!

A vida surpreende

"Já percebeu que andamos por uma rua e não vemos as árvores ao nosso lado ou o passarinha cantando?? estamos centrados em nossos objetivos e nos limitamos a eles? Pessoas acelaradas como nós perdem certos detalhes por impaciência, mas tudo estava lá, de uma forma confusa, mas estava lá. Também demorei para ver certas coisas, mas a vida surpreeende..."

- Magda Ap. Baria (vulgo minha mãe)



É, deve ser genético. Amo!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Boulevard (Parte I)

O Boulevard era um bar bem peculiar, a iluminação parecia com as luzes de motel, bem fracas e sedutoras. As cortinas eram vermelhas, a decoração em madeira escura com curvas suaves. Cada mesa redonda tinha uma luminária suspensa sobre ela, e a sua volta 5 cadeiras estofadas com um camurça vermelho. A casa em si tinha um ar de coisa antiga, mas quem a freqüentava estava na flor da idade. E por lá sempre saia uma história nova, prato cheio para qualquer escritora como eu. E eu estava lá tomando minha cervejinha e colocando uns apontamentos em dia, como quem não quer nada quando chegou um grupo de amigas, sentaram-se a minha frente:

- Uma Coca-cola com Vodka , por favor. – Disse primeiro a loira com franjinhas. Cabelo mediano. Parecia a mais nova de todas.

- A Cuba Libre daquelas que não bebem e querem mostrar ao mundo que estão fazendo coisa errada. Né, Bia?

- Ah, qual é?! E o que a Srta. Intelectual vai pedir? – Disse a loira de franjinhas que eu descobrira se chamar Bia.

- Um Martini, por favor.

- Certo, e a Srta. deseja... ? – Se dirigiu o garçom a uma terceira com os cabelos compridos e longos ao lado da Bia.

- Uma tequila, pra começar. E você Lu?

- Tequila logo de cara? Essa é a Jessy que eu conheço! Vou querer um Sex on the Beach. Estou “de boas” hoje. – Disse a quarta garota, que estava de costas para mim.

- É, se logo no começo não for bom... É melhor nem continuar – Disse Jessy.

- Eu vou ficar numa Devassa, então. Alguém tem que beber um fermentado nessa mesa. – Era a escolha da última garota sentada na mesa.

- Mas então... – disse a garota da Martini quando se dirigiu a Jessy. – Conta daquele cara, você disse que foi num show dele, e aí?

“Ah, vou começar do começo por que as meninas ainda não sabem de tudo. Todo mundo diz que cara de banda é aquela coisa... Galinha que dói. Eu conheci esse num show que uma amiga minha da empresa me arrastou. Confesso que não esperava muito do lugar e da banda quando eu fui, mas assim que ele subiu no palco... GAMEI! Ele tem um estilinho todo moderninho, e parece ser super tímido, nossa. Certeza que adicionei ele no Orkut, comentei na foto e tudo mais... Estava louca pra puxar assunto com ele, saber como ele era fora do palco e aquela loucura de banda. Ele parecia ter conteúdo, sabe? Fiquei instigada a conhecer ele. Fui em outro show dele, no finalzinho pedi uma palheta e fiz uma coisa que nunca tinha feito na vida. Peguei meu telefone e dei um jeito de entregar pra ele. Me senti fazendo a coisa mais errada do mundo, mas e daí?! Vai que meus cinco minutos dessem resultado mais tarde. O fato é que fui dormir na casa da minha amiga depois do show, de manhã a gente foi tomar café e eu deixei o celular no quarto. Quando eu subi, tinham cinco chamadas não atendidas no meu celular de um número privado. Surtei! ....”

Jessy interrompeu a história e levantou o braço:

- Garçom! Garçom!

- Deseja alguma coisa?

- Na verdade sim, você pode trazer uma porção de fritas com aquele tempero que tem limão, não sei qual o nome mas ...

- Sim, sim .. sei qual é. Já trago.

- Fritas? Que gordinha! Tem que parar a história pela metade pra pedir comida? Tem certas coisas que não mudam mesmo – disse a garota da Devassa.

- Ok! Não imaginei que estava tão interessante assim, e eu estou com fome...é pecado?

“Bom, tinham lá as cinco chamadas não atendidas. Mas não tinha como e retornar a ligação... mas tudo bem, no final das contas era só a histérica da Jessy querendo falar comigo. Mera ilusão a minha achar que ele ia ligar no dia seguinte. Fui para casa, fiz a janta, vi um filme... e resolvi que ia dar uma olhadinha no Orkut. Quando eu abro a minha página... Meninas! Vocês não acreditam em quem tinha me deixado um depoimento!”

- Mentira que era ele?!

- Era! Acredite! Você tinha que ver a minha cara!

- Certeza que você ficou com aquela cara de tonta, como sempre! Mas e aí? O que tinha no depoimento?

“Ele me deixou um depoimento pedindo meu MSN, dizendo que por lá a gente poderia conversar melhor. Surtei de novo. Nem acreditei que o lance do telefone tinha dado certo, não como eu esperava, mas tinha dado um resultado... Ele sabia que eu existia. Mas acabou não dando certo ...”

- Como assim? Do nada? Não deu certo por que?

- Ah, só não deu certo.

- Começou termina! Depois te conto de um baterista que apareceu na minha vida uns tempinhos atrás... Mas só se você terminar essa história direito.

“Eu adicionei o cara no MSN, e vocês sabem como eu sou, não consigo ficar esperando o cara tomar atitude, vi ele online um dia... E nada dele vir falar comigo, no segundo eu puxei uma conversa, mas terminou no “Tudo, sim, e com você?” “Tudo bem também”. Outras vezes eu consegui estender a conversa, colocar um pouco mais de tempero no garoto, por que nem o arroz da Kate tem menos sal que aquele cara no MSN. Por fim, fui em outro show dele, claro que no MSN eu achava que tinha dado altas indiretas pra ele e tudo mais, mas no show o máximo que ele fez foi me cumprimentar, porque tinha que passar por onde eu estava com um grupo de amigas...”

- Ah, grupo de amigas? Suas amiguinhas do trabalho, é? Tá trocando a gente?

- Para de ciuminho besta!

- Não, por que agora você só sai com elas, esqueceu da gente.

- Eu estou com elas agora? Não, né? Eu não tenho namorado pra ter DR, mas vocês tapam esse buraco bem até demais! Que coisa... Posso continuar a história?

- É que a gente sente sua falta, chata! Vai Continua.... E meu arroz não é sem sal!

“Se o seu arroz tem sal, o cara não tinha... Nem Sazon resolve. O fato é que me produzi toda para encontrar com o dito cujo, e ele nem pra vir falar comigo. Fiquei sem entender nada, pra que que ele veio pediu meu MSN, se deu ao trabalho de me responder no MSN? Bom, eu não me dei por vencida e apostei que ele era tímido. Um tempo depois do fiasco do show eu estava bom humor e resolvi puxar conversar com ele, até que fui levanto a conversar até um ponto que era só ele marcar um lugar pra gente sair. Ele disse “Já volto” e não disse mais nada.”

- Aff, mentira? Então pra que o cara pediu seu MSN?

- Sei lá, vai que ele pediu o MSN dela e depois viu que ela era chata?

- Ai, sua insensível! Claro que não, ela é um amor de pessoa.

- Chata ou não, eu sei que ele não veio mais falar comigo, e eu também não fui mais tonta de ir falar com ele. Eu tentei, mas ele será eternamente o cara mais “sem sal” da minha lista de contatos.

Risos.

(Continua, algum dia ...)