"A Matemática pura é, à sua maneira, a poesia das idéias lógicas.” (Einstein)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Contos - Você de novo

Oi, você de novo?! Eu estou bem, obrigada por perguntar. E você? Se está aqui algum motivo deve ter. Ah! Só saudades. Quer entrar em casa, sentar no sofá, conversar como se nada tivesse acontecido, como se nunca tivesse me magoado e depois ir embora e me deixar plantada na porta na esperança de que você sinta saudades novamente. Não é bem assim? Sei... Parece que você espera eu cansar de te esperar, e quando já estou na iminência do seu exílio você reaparece, exatamente assim... Como quem não quer nada, só está com “saudade”.

Será que você sabe mesmo o que é saudade? Saudade é tentar abafar o choro com o travesseiro antes de dormir, querendo apenas ouvir a voz daquela pessoa. Sendo um pouco menos dramática é tentar fazer o coração bater num ritmo mais lento e menos triste quando você escuta uma música romântica e quer pegar o telefone desesperadamente e discar aquela combinação de oito números que nunca mais vai sair da sua cabeça. Como eu sei? Não, não que eu tenha passado por isso muitas vezes, e muito menos por você! Não seja tão prepotente. Eu escuto as pessoas falando e tomo notas. Sou muito observadora. Desde quando? Boa pergunta... Quem sabe se você não fosse um turista na minha vida você saberia.

Não, não é drama. É só um desabafo. Você vai e vem na hora que bem entende, não bate na porta, e mesmo que ela estivesse trancada você tem a chaves. Não tive coragem de trocar a fechadura. Mas eu vou! Fique sabendo que eu vou fazer isso amanhã! E vou botar na rua aquele saco preto com todas as suas coisas, lembranças, cheiros, afagos, beijos e promessas. Por que ainda não joguei fora? Ah... é que... comprei um armário novo e estou redecorando, reorganizando. Juro!

Olha, pára... Chega dessa conversa. Não sei por que deixar nas entrelinhas o que eu e você já sabemos. Pelo menos eu suponho que você saiba. As portas sempre estarão abertas pra você, mas, por favor, não volte. Eu não consigo bater a porta na sua cara, eu não consigo deixar de oferecer um café com bolos e tortas e tudo que estiver na minha geladeira. Eu não consigo... Você sabe que não. Então se for só saudades de uma boa conversa, sentado no tapete da minha sala frente à lareira, peço que procure outro lugar para passar suas tardes frias. Por mim, por tudo que um dia foi “nós”. Foi tudo lindo, com alguns problemas aqui e ali que nós não conseguimos resolver, mas se você realmente esqueceu tudo... Me deixa fingir que esqueci também. Mas me deixa fazer isso longe de você. Por que só saber que você ainda se importa com pelo menos um fio de cabelo meu, eu já tenho esperanças de que você... de que você ... Enfim. Obrigada pela visita.

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