"A Matemática pura é, à sua maneira, a poesia das idéias lógicas.” (Einstein)

domingo, 22 de agosto de 2010

Boulevard (Parte II)

Para ler a primeira parte clique aqui

- Mas então, conta daquele baterista que você comentou outro dia, Déia. Estou curiosa! – Disse Bia voltando-se para a garota que havia pedido uma Devassa.

- Ah é, nunca mais falei dele... Mas vou ter que contar tudo desde o começo também, nem todo mundo tava sabendo.

- Pera, é AQUELE baterista que a gente estava fuçando no Orkut outro dia? – Estranhei o espanto da tal de Jessy.

- É, ele mesmo!

- Mas ele não tinha namorada? – O tom da voz era sério, e vinha da Stra. Intelectual, a do Martini.

- Tinha sim, Kate. – Ah! Era ela que tinha ao arroz sem sal - Mas faz tempo que ele terminou com ela. Pra falar a verdade eu não sei bem quem terminou, mas acho que eles nem se falam mais. Aliás, ele não só não está mais com aquela menina, como já namorou com outra e terminou também.

- Mentira! Mas também, faz quanto tempo isso? Uns dois anos que a gente falou dele pela primeira vez, né?

- Sim, foi na época que a Bia namorava aquele cara de outra cidade, não era? Onde mesmo que o cara morava? Jaguariúna?

- Jaguariúna? Isso é nome de cidade ou daqueles monstrinhos de desenho japonês? – Disse Jessy rindo alto.

- É, era lá mesmo. Mas será que dá pra não me envolver nessa história? Deixa o falecido em paz.

- Falecido? O cara bateu as botas? – Tava ai uma pergunta que eu me fiz na hora. Obrigada à garota que pediu um Sex on the Beach.

- Por mais que às vezes eu tivesse desejado que ele tivesse partido dessa pra melhor – bateu na madeira antes de prosseguir – ele não morreu, não. Falecido é só um termo carinhoso pra tratar ex-namorado. Esse em específico.

- Tá, mas afinal... e o baterista? – Isso Kate, volta ao rumo da conversa que agora até eu fiquei curiosa pra saber sobre o tal baterista.

- Que baterista, gente? Alguém me situa! Fiquei muito tempo fora... Não é possível que aconteceu tanta coisa. – exaltou-se a garota da Devassa.

“Ok, eu começo do começo. Outro dia estava com a Jessy na casa da Kate e caímos nos Orkut dele não sei por que. Era amigo em comum de alguém, no mínimo. Mas na época eu estava namorando e ficou por isso mesmo, só mais um cara que parecia interessante. E não demorou muito tempo para a Kate me chamar pra ir no aniversário de alguém, por que ela não queria ir sozinha. Vocês me metem em cada uma! Imaginem, eu nem conhecia o aniversariante e estava indo de bicão na festa dele... Que mico.”

- Ah! Pára. O cara é gente boa. Nem ligou de você ter ido lá.

“Mesmo assim, é falta de educação. Mas pelo menos a comida estava boa. – Risos – Depois de um tempinho que eu cheguei eu reparei naquele cara do Orkut. Ele estava com a namorada lá, mas e daí? Olhar não tira pedaço, meu ex-namorado que não me escute, mas de qualquer forma eu estava completamente na do meu ex e nesse dia não rolou nada. E o cara era mais baixinho do que eu imaginava, mas eu só estava olhando. Passou um tempão, a Jessy me convidou pra ir numa festa da faculdade dela, nessa época eu estava recém solteira e queria mais era enfiar o pé na jaca...”

- Enfiar o pé na jaca? – Disse a Bia com muito esforço dentre as gargalhadas que dava – Com quem você aprendeu essa? Nem minha vó fala mais isso.

- Ah! É só expressão, para de ser chata – Déia não se conteve em cair na risada junto com as amigas – Posso continuar a história ou não?

- Pode, mas dessa vez usa um vocabulário mais moderno, vai!

“Tá, eu fui na festa com a Jessy, e lá eu dei de cara com o baterista. A gente acabou ficando e tudo mais. Aliás, vocês não sabem o que aconteceu... Fica quieta Jessy, deixa eu contar – disse quando percebeu que Jessy ia abrir a boca pra dizer algo, pela cara dela eu acho que era para se defender do que viria da amiga – Uma amiga da Jessy começou a passar mal, e lá fui eu ser solidária ajudar a garota, pior que não contente em passar mal ela começou a falar do cara que ela gostava, que ele não dava bola pra ela, que ela ainda amava ele. Sei lá, acho que existem dois tipos de bêbados, os engraçados e os depressivos. Definitivamente ela estava no grupo das depressivas. Sabe, se for beber não dirija, e se não agüenta bebe leite. Mas enfim, essa foi a primeira vez que eu fiquei com ele. A gente começou a conversar por MSN depois - é meninas, MSN é o telefone do século 21 - e não é que o cara tinha conteúdo? Vocês sabem que eu gamo em pessoas inteligentes, e com ele o assunto rendia e o tempo voava. Mas tinha alguma coisa podre ali, sempre que a gente marcava de se ver alguma coisa dava errado. Soou o alarme para cafajeste, mas talvez eu tenha percebido tarde demais, já estava um tanto quanto envolvida por aquelas conversas e mimos.”

- Pelo menos esse tomava banho com Sazon, né? – Lamentou Jessy.

- Eu ainda não terminei a história.

- Sinto cheiro de coisa podre vindo por aí. – Disse a tal de Lu enquanto fingia que cheirava algo no ar. Essa cena causou risos entre as amigas, mas por fim a Déia continuou a história.

“Em um desses dias no MSN, ele entrou, mas tinha mudado a foto de exibição. Era ele dando um beijo no rosto de uma menina. Fiquei em choque, a gente estava no maior clima, conversando no MSN e do nada ele.... estava namorando.”

- Que canalha! Mas esse “maior clima” era verdade mesmo, ou você que se enganou?

“Não, estava mesmo. Eu relutei – comigo mesma – pra me dar essa chance de começar a gostar de alguém depois do, como a Bia disse mesmo? Do meu “falecido”. Mas ele me passou confiança e eu resolvi deixar acontecer, mas esse namoro relâmpago me pegou de surpresa. Embora a Jessy sempre tenha falado que ele tinha fama de galinha e cafa. O fato é que resolvi que não ia mais falar com ele. Podia soar infantil e tudo mais, mas achei que seria melhor assim, para eu não me machucar, por que apesar de ter começado a namorar ele ainda falava que gostava de mim, e que estava confuso e coisa e tal.”

- E você caiu nessa conversa fiada? O meu alarme pra cafageste já teria queimado de tanto se esgoelar tocando e piscando a luz vermelha.

- Eu cai e não cai, o cara parecia ser mesmo legal, e vai saber o que estava acontecendo na vida dele, e se ele fosse diferente?

- Se ele fosse diferente? Qual é, eles são todos iguais. Não estão nem um pouco preocupados com a gente, só pensam neles e ... – Disse Bia já virando seu copo. – Garçom, me vê um copo de vodka com gelo.

- Ai amiga, o que aconteceu?

- Nada, deixa pra lá. Termina de contar do cara lá.

“Err...Bom. O fato foi que eu parei mesmo de falar com ele. Teve uma vez que ele apareceu falando que ia terminar com a namorada por que ele percebeu que gostava de mim e tinha feito a escolha errada...”

- Claro que fez a escolha errada, uma morenaça com um sorriso lindo desses!

- Pois, é. Apesar da puxação de saco eu continuo – Disse Déia rindo.

“Eu não acreditei que ele ia terminar mesmo com a namorada, por que eu já estava com o pé atrás com ele, mas ele realmente terminou. Aí ele me ganhou, né? Fiquei toda boba, sai com ele mais um vez. Mas fiquei meio assim, por que ele ainda tinha a foto da namorada no celular, ainda usava um anel que ela tinha dado pra ele – não era aliança, era só um anel – mas tudo bem, né? Fazia pouco tempo que ele tinha terminado, eu não podia chegar causando na vida do cara, todo mundo tem um passado e se você quiser ficar com alguém tem que levar o pacote completo e não uma fração da pessoa.”

- Falou bonito – disse Kate – mas eu não seria tão compreensiva quanto você.

“É, eu sempre tento pensar no outro lado da história, e tentar não pensar sempre no pior motivo possível pra tal ou tal coisa ter acontecido ou tomado aquele rumo. Mas no final das contas ele começou a sair com outras meninas, e disse que não queria se sentir preso agora, por que ele tinha acabado de sair de um relacionamento, mas ao mesmo tempo ele dizia que gostava muito de mim que eu era especial ...”

- Como dizia meu pai: Especial é pastel de feira. Não adianta nada o cara ficar falando mil coisas pra você e não agir como tal.

“Eu sei, mas não foi assim de imediato que eu desencanei. Sabe como mulher e trouxa quando gosta de alguém, né? Sempre que eu ia falar de alguma coisa que eu não estava gostando ele contornava a situação e eu acabava me sentindo a malvada, aquela que ficava pegando no pé, Maria-chiclete... essas coisas. Mas foi passando o tempo e ele foi me colocando na geladeira, isso sem a gente ter saído mais vezes. E se querem saber com o tempo aquele cara cheio de conteúdo que eu tinha gostado, foi perdendo a graça e também o conteúdo. O dia que eu recebi uma mensagem dele que estava escrito “Gata” eu desencanei de vez. “

- Gata e princesa são broxantes.

“Concordo, e os assuntos com ele foram ficando assim também. Não tem mais aquelas teorias mirabolantes e referências históricas como tinha antes. Acho que tanto “não fode, não sai de cima” acabou miando até a nossa conversa. E sendo assim, como no começo me interessei por ele por causa das conversas... atualmente eu estou completamente desinteressada pela falta delas e também pela quantidade de vezes que eu fui “compreensiva” e nunca tive retorno nenhum.”

- Amiga, eu acho mesmo é que ele te deixou na geladeira, num daqueles potinhos que a gente esquece na última prateleira, e quando lembra e bate aquela vontade de dar uma beliscada, a pessoa que mora na mesma casa que você já deu um fim no potinho e você nem percebeu. – Sábia metáfora de Kate.

- Muito bem colocado – Espera, foi o que eu disse. Às vezes acho que estou me envolvendo demais com essa garotas – E de fato, agora estou saindo com o Mário. E acho que a gente vai dar certo. Ele é um fofo.

(Continua ...)

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Continuando aqui só porque um dos meus "amigos-leitores" pediu a continuação. ;)

Um comentário:

  1. O QUEEE??O BATERISTA TEM NAMORADA? QUE CACHORRO, CANALHA, CAFAJESTE, FILHO DA...tá..parei...EAHUHUEAHUEAUHUAUA

    Pelo amor de Deus...muda a cidade desse cara, que nome feio...EAHUEHUAEHUEHAUUHAHUEAHU

    "a garota da Devassa" e eu lendo..."a garota devassa"...uauuuuuu...(6)

    Ahhhhhh maaaaaaaano...você só pode tá me zuando que eu perdi quase 10 minutos lendo esse bagulho pra no fim das contas ser a mesma história da primeira parte só que recontada mais uma vez. Me lembra de não ler mais seu blog veeeei...e essa conversa ainda continua muito inocente, quem vê até pensa que um monte de garota num bar cheia de cachaça na idéia vão falar assim toda menininha...=x

    Não tenho comentários a tc sobre o post, já comentei no outro =p

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