"A Matemática pura é, à sua maneira, a poesia das idéias lógicas.” (Einstein)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Devaneios de Anne


Anne finalmente conseguiu sentar na varanda de sua casa e esticar as pernas. Com era bom poder ter tempo para não fazer nada. Sua semana fora aquele corre-corre paulistano já conhecido por muitos e ela mal podia esperar esse feriado para esvaziar a cabeça. Apesar de ter uma pilha de papéis esperando em sua mesa...

Abriu seu velho caderno de músicas e começou a cantá-las mentalmente, institivamente lembrou-se do que sentiu quando transcreveu cada uma delas para aquelas folhas. Era engraçado pensar que muitas das coisas que à atormentavam hoje não passavam de lembranças, boas ou ruins, e perceber o quanto cada uma delas a fortalecera e a ajudara a ser a mulher que é hoje, não mais uma aquela menina assustada.

Porém, algo ainda soava familiar...aquele aperto no coração, aquela vontade de gritar aos quatro ventos aquilo que a agoniava. Anne gostaria de negar o que estava sentindo, mas temia que a conclusão era óbvia: estava apaixonada.

Fitou aquele céu azul de verão por uns momentos e distraiu-se com as bolinhas que piscavam nele, elas pareciam vir à sua direção...

- O que será que está por trás desse fenômeno? Ilusão óptica, talvez? Não, nada de física por hoje. A não ser que ela resolva meus problemas nada exatos de hoje. - Resmungava sozinha.

Anne gostou da brincadeira de imaginar o que seria aqueles brilhinhos, e já que estava ali, começou a fantasiar. E se ela realmente pudesse utilizá-los para ajudá-la? Não custava fingir que era verdade. Mentalizou palavra por palavra o que gostaria de dizer à ele, seu mais novo amado, e transformou essa vontade toda em uma daquelas bolinhas, a sua bolinha. Colocou destinatário, remetente e a despachou. Vizualizou sua criação voando longe ao horizonte, em busca do seu novo dono para entregar-lhe a tão importante mensagem.

Olhou para o céu em busca de uma resposta, ou ao menos de uma confirmação de entrega... Sentiu-se boba segundos depois.

- Anne, sua tola. Volte para o mundo real, não é assim que resolvemos as coisas por aqui.

Levantou da cadeira em um salto e saiu andando rumo a sua escrivaninha, que à esperava cheia de "bolinhas" reais e nada brilhantes.

"Diga a ela que você me viu
Que eu parecia muito bem
Apesar de tantas noites vazias
Tantas madrugadas vendo tv
Na verdade, dias intermináveis."
(Nenhum de Nós - Diga a ela)

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