"A Matemática pura é, à sua maneira, a poesia das idéias lógicas.” (Einstein)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Narrativa


A vida muitas vezes é comparada à uma trilha, um caminho com várias bifurcações a escolher... Como escoteira aprendi sobre "sinais de pistas" que, assim como o nome diz, são sinais padronizados deixados para guiar as pessoas que estão passando pela trilha. Setas indicam a direção correta à ser seguida, outro sinal indica que você deve pular um determinado obstáculo, outros indicam pedido de socorro e assim por diante. Obviamente os sinais de pista são colocados em uma trilha por pessoas que já passaram por ela, mas e se acontecer de você andar em círculos e encontrar um sinal de pista deixado por você mesmo?

Hoje, ao fechar os olhos, eu me vejo diante de uma trilha com um caminho encoberto por árvores majestosas e floridas com o sinal de pista "triângulo" logo na entrada. Nada estaria errado se esse símbolo em particular não representa-se "Perigo".

É instinto de sobrevivência evitar fazer coisas ou seguir rotas as quais nós já conhecemos o final...isso se este final não foi agradável, ou mesmo se não foi como o esperado.

Faço toda essa comparação pois hoje me vejo diante da escolha de começar a trilhar um caminho que num passado eu já escolhi, e todas as pedras e lágrimas não me deixam esquecer o quão desagradável foi o seu desfecho...sem potes de ouro no final do arco-íris ou uma vista bonita no topo da montanha.

Apesar dos pesares, esse caminho faz parte do meu passado e me fez amadurecer, ter uma nova visão de mundo, fez abrir portas da minha vida para coisas novas. Eu pude descobrir cores onde antes eu enxergava tudo em preto e branco, sem graça, sem atrativos.


Ao finalmente conseguir chegar ao final daquela obscura, para não dizer monstruosa trilha, eu resolvi não mais me aventurar .. e seguir apenas por caminhos seguros. Construi minha fortaleza em um campo aberto, também majestoso e florido, mas sem as curvas desconhecidas como aquelas anteriormente exploradas. Do alto da torre do meu castelo pude observar quem chegava ao "meu território", quem saía, e pude fechar os portões àqueles que eu julguei não serem bem-vindos.


Mas hoje, ao olhar para o horizonte, sinto aquela sensação...aquele desejo por aventura que me fez adentrar naquela trilha que deixou-me tantas cicatrizes. Não me sinto mais confortável presa em uma fortaleza, minha armadura tornou-se pequena diante de tantos sentimentos explodindo por dentro.


Descendo da torre onde antes observava a movimentação externa as "minhas terras" vou até uma sala com portas de ferro grandes e pesadas, ali ficam guardadas minhas "armas", ou voltando para a metáfora da trilha, meu material de exploração. Coturnos velhos e surrados, minha mochila com alguns arranhões e manchas, cantil e outros equipamentos. Não sei por que fui àquela sala, não deveria ter vindo, mas agora que estou aqui meu coração começa a disparar..parece que aquela trilha desconhecida chama o meu nome sem parar, com uma voz irresistível e desafiante, aguçando minha curiosidade e meu espírito aventureiro.


Ao fechar os olhos posso até sentir a brisa que vem daquela trilha batendo no meu rosto, começo a imaginar à que paisagens ela poderia me levar, que tipo de espécies exóticas ela deve abrigar, como é o cantar dos pássaros pela manhã...o pôr-do-sol!


"Qual o problema, afinal?", alguns de vocês devem estar se perguntando. Outros mais impacientes podem dizer, até com um certo tom de ironia: "Pegue logo suas coisas e siga em frente. Descubra! Explore! Mate a curiosidade e tire fotos para mostrar à todos quando voltar.". Ninguém de fora entende o que me impede de ir, o que me prende à minha fortaleza. Ah! Minha segura, confortante, aconchegante...e monótona fortaleza.


A verdade é que eu tenho medo. Medo de seguir em frente e ter que voltar no meio da trilha por falta de suprimentos, por falta de energia...por falta de coragem. Mas principalmente medo de esperar de mais dos seus segredos, e no final das contas a trilha não passar de uma ou duas curvinhas sem graça. Ou pior! E se ao chegar lá uma árvore estiver caída bem na entrada, bloqueando minha passagem?


Acho que não tenho coragem para ariscar, talvez seja só mais uma vontade passageira de aventura...um momento de tédio pedindo por alguma emoção. Seria mais seguro ficar aqui? Voltar para torre e continuar minha observação...? Andar apenas por terrenos conhecidos e aliados?


Eu já passei por tantas entradas desconhecidas, com fachadas convidativas e exuberantes...e nenhuma delas despertou tal interesse. Talvez por isso minha curiosidade não me deixe em paz, o que será que tem nessa trilha que tanto desperta minha atenção?


Um comentário:

  1. Este post está muito inspirado na saga de Crepusculo, rs...

    Tati, as vezes é preciso sentir o vento no rosto pra vc se lembrar o quão bom é suspirar... Respirar é tão... tão... comum...

    É só sentindo o vento no rosto você consegue aprender a "respirar sozinha", suspirar sozinha...

    Bem, se você ficar na fortaleza ou não, eu estarei com você...

    ResponderExcluir

Palpites